O desconforto de ser quem somos
- Flora Dominguez
- 16 de abr. de 2022
- 3 min de leitura
Na dependência emocional/codependência nos rouba tudo de melhor que poderíamos ser. Nos sequestra a autoconfiança, o amor próprio, a esperança, nossos sonhos e desejos e nos faz sentir desconforto de sermos quem somos.
Ser dependente emocional nos faz sentir muito medo de ficar sozinha, queremos ser apoiada e acompanhada por alguém em todos os momentos, neste caso, pela pessoa de quem somos "dependentes". Não queremos conceber a possibilidade de morar sozinha, de não poder compartilhar noss vida com alguém, especialmente com essa pessoa, de não ser acompanhada pelo resto da vida. Só temos uma prioridade, que é aquela pessoa. Temos a capacidade de deixar os outros de lado, sejam amigos ou familiares, para ficar com aquela pessoa o maior tempo possível. Essa pessoa se torna nossa única prioridade e a colocamos antes de todas as outras pessoas e atividades.
Queremos ser tudo e o tempo todo nos achamos inadequadas, por isso sempre achamos que precisamos mudar e quando algo dá errado achamos que "não somos boas o suficiente".
A nossa única prioridade ao longo do dia é receber mensagens ou ligações dessa pessoa, a pessoa emocionalmente dependente não se importa com o que gosta ou não gosta, quer ou não quer fazer, pois seu único objetivo é agradar a outra pessoa. Assim, ela nunca pensará no que ela mesma quer, mas no que a outra pessoa pode querer. Ela vai até fazer coisas que ela não quer fazer, se é isso que a outra pessoa quer e assume uma posição de inferioridade. Considera que a pessoa de quem depende é superior a si mesma em todos os aspectos.
Ainda dependente emocional eu conseguia fazer com que as pessoas não me valorizasse. Eu uma mulher com uma "personalidade forte " sozinha e me relacionando eu me transformava numa "mulher despersonalizada". Quantas vezes faltei trabalho porque a pessoa queria que eu ficasse mais um pouco, na minha mente se eu dissesse "não" jogaria no lixo a chance de conseguir um relacionamento. Era a eterna necessidade de agradar nos mínimo detalhes, a minha mente na hora da sedução dizia "seja impecável e perfeita", impossível ser aquilo que ela queria.
Quando me relacionava essa pessoa era meu único mundo, a coisa mais importante, mas também considerava que essa pessoa era minha propriedade exclusiva, que ela me pertencia. E, pior ainda, acreditava que a outra pessoa deveria ter a mesma crença que eu.
Na minha recuperação da dependência emocional descobri que nunca havia amado ninguém de verdade. Eu me relacionava porque necessitava de controlar o tempo todo o que o outro tinha que sentir por mim.
Queria que todos gostassem de mim e não suportava críticas. Uma pessoa dependente emocional/ codependente ficará muito ansiosa com a possibilidade de ser rejeitada por outra pessoa. Seu humor é muito mutável, e é mutável porque depende do contato que ela tem com a pessoa de quem depende. Se ela tiver o contato que precisa e do jeito que precisa, ela ficará feliz.
Quando um evento não dava certo eu ficava triste e deprimida, meu parceiro quando se afastava de mim eu ficava desesperada. E mesmo sabendo que o relacionamento estava me machucando e me destruindo dia após dia eu fazia de tudo para mantê-lo ao meu lado.
Por que ficamos emocionalmente dependente? Por que precisamos de alguém para nos fazer feliz? As principais causas da dependência emocional têm origem na infância. Quando crianças, não aprendemos a ser autônomos e independentes, e continuamos carregando deficiências emocionais que não foram satisfeitas na época. De fato, a pessoa emocionalmente dependente geralmente tem uma história marcada pela falta de afeto.
Durante a infância não receberam o carinho de que precisavam das pessoas importantes em suas vidas. Durante esses anos você aprendeu que, para ser amada, precisava atender às expectativas dos outros. Assim, gradualmente você se tornou uma criança em busca de atenção, esforçando-se para fazer o bem, não apenas para ser elogiada, mas também para ser apreciada.
No entanto, esta não é a única causa deste problema, pois o vício emocional é um distúrbio comportamental que possui aspectos comuns a todos os tipos de vício e, ao mesmo tempo, características particulares relacionadas ao amor e relacionamentos românticos.
Dependência normal e patológica: Em um relacionamento romântico, é perfeitamente normal, quase fisiológico, que se desenvolva um tipo de dependência física e psicológica entre os parceiros. No entanto, com o passar do tempo, à medida que a relação passa do amor à primeira vista para um amor mais maduro, deve-se estabelecer uma convivência equilibrada da individualidade e da autonomia de cada parceiro.
Walter Riso é um dos meus escritores favoritos e com textos qye nos traz reflexões profundas sobre a dependência emocional: "Você saberá que eles realmente te amam quando você puder se mostrar como você é e sem medo de ser ferido".
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